A quem interessa a briga política em Águas de São Pedro?

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Não se deixe levar pelo tamanho. Os bastidores políticos sempre foram muito quentes na pacata Águas de São Pedro. A máxima de que a política é mais ‘viva’ nos municípios menores, de fato, parece ser cada vez mais verdadeira. Mas porque os interesses e embates políticos ainda reinam em uma cidade com pouco mais de 3 mil habitantes? Não seria ela o paraíso ideal de qualquer gestor comprometido com a causa pública?

Exemplo maior desse acirramento pôde ser comprovado nas últimas eleições municipais. Mais recente, em 2016, mais de 4.200 cidadãos estavam aptos a votar. Como pode uma cidade ter mais eleitores do que habitantes? Vão sobrar tentativas de se justificar tal fato, mas uma impera: “Aqui temos muitos veranistas e donos de imóveis que vêm só para votar”. Balela.

Fato é que os próprios políticos de Águas criaram a cultura de que “vale tudo para ganhar”, e consequentemente promoveram um cenário de disputa permanente entre os poderes. O caso mais recente aconteceu na semana passada.

O Legislativo de Águas de São Pedro recebeu, de última hora, uma proposta do Executivo para a criação de 22 cargos no funcionalismo público. Não sou contra a matéria, muito pelo contrário. Acredito que oferecer estabilidade ao empregado e incentivá-lo a estudar para suprir uma demanda do município é mais do que justo.

Mas existem formas e formas de se fazer isso. Os vereadores, que na data de envio da proposta – 19 de julho – estavam de recesso parlamentar, não tiveram tempo suficiente para analisar a matéria, já que o concurso público caducaria em 31 de julho, véspera da votação. Para uma prefeitura com mais de 370 servidores, a criação de 22 novos postos é considerável. E gera grande impacto orçamentário.

Impacto este que não pôde ser avaliado de forma profunda, objetiva e técnica. Em números, os 22 novos cargos criados demandarão ao menos R$ 420 mil aos cofres públicos por ano numa análise inicial.

Mas porque a pressa em aprovar a matéria? Ela pode ser explicada pela inércia de um governo que tomou ciência da necessidade em contratar lá em 2015, quando da data do concurso. Alertada pelo Ministério Público Estadual (MPE), que recomendou substituir os funcionários contratados por RPA (Recibo de Pagamento a Autônomo) pelos aprovados em concurso, a prefeitura ignorou o aviso por mais de dois anos.

Às vésperas de perder o prazo para chamar os aprovados, o Executivo forçou a Câmara a deliberar o projeto respaldado por uma decisão judicial. Mas porque não o fez antes? Além dos sete meses de mandato como prefeito, Paulo Barboza (PSDB) já tinha ciência da necessidade em chamar os aprovados em 2015, quando era vice do então prefeito Paulo Ronan (PSDB).

Diante do que chamou de “atropelo”, o presidente da Câmara Nelinho Noronha (PT) e alguns aliados tentaram barrar o projeto que criou os 22 cargos. Em sua rede social, Noronha fez questão de deixar claro que se tratava de interesse político, uma espécie de “acerto de contas” de campanha eleitoral.

Deixemos a política de lado por alguns instantes e pensemos no lado humano da história. Porque a prefeitura preferiu pagar por serviços terceirizados ao invés de chamar os aprovados já em 2015? Quantos pais de família ou mães batalhadoras poderiam ter tido suas vidas mudadas com a garantia de um trabalho digno? Quantas noites perderam os aprovados sonhando em um dia serem chamados para trabalhar?

Fazer oposição a um governo ou discordar das ideias de quem está no comando é legítimo. A chamada ‘briga política’, no entanto, não favorece ninguém e muito menos é o que o povo espera de seus representantes eleitos. Quem perde, unicamente, é a estância de Águas de São Pedro.

1 COMENTÁRIO

  1. Sou moradora de Águas de São Pedro a pouco mais de 2 anos e tenho uma filha estudando no 8 ano da EMEF II. Até o ano passado, tinha orgulho em dizer a quem quer que fosse, que apesar de se tratar de uma escola pública, municipal, o nível era tão bom ou até melhor do que em muitas escolas particulares. Infelizmente, depois da entrada dos novos “governantes”, esta escola esta um caos. Ontem mesmo minha filha contou que como NÃO HÁ PROFESSOR DE INGLÊS, o professor de música foi “ESCALADO” para dar as aulas. Detalhe; ele mesmo admitiu aos alunos que NÃO SABE INGLÊS. Ainda no dia de ontem, nosso Prefeito foi pessoalmente na escola para NUM ATO SOLENE, entregar o uniforme (camisetas) aos alunos (no segundo semestre do ano letivo). Que Deus nos ajude a voltarmos a ter uma governabilidade como a anterior para que a cidade onde escolhi fincar raízes e criar minha filha possa manter o título de uma das cidades com melhor IDH do Brasil.

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